É uma coisa meio clichê isso de falar da bruxa, da vassoura e do caldeirão… porque de alguma forma, todos esses três elementos estão ligados.
A bruxa como a figura modificadora do ambiente – modificadora porque ela é sábia, ela muda os meios nos quais está inserida… dias atrás assisti um filme/animação do Hayao Miyazaki, produzido pelo Studio Giblin, chamado Kiki’s Delivery Service (Serviço de Entregas da Kiki – na versão em português), em determinado momento do filme, a mãe da jovem bruxinha, diz que ela precisa sempre escutar seu coração – para se guiar na vida -, e a jovem bruxa promete a mãe que será a melhor bruxa, e que sempre se permitirá ser guiada pela humildade. De alguma forma eu acredito nisso também, que a humildade é o que nos torna melhores perante tudo o que a sociedade nos empurra… e por não aceitarmos tudo o que a sociedade nos oferece, acabamos sendo excluídos de alguma forma, pera, para… mais é isso o que a bruxa sempre foi não é mesmo, a párea da sociedade, sempre vivendo as margens dela – porque ela não é igual a todas as outras pessoas, ela é diferente.
A humildade nos faz ver os outros como pessoas iguais a nós – nem melhores nem piores -, apenas iguais. Claro, a pessoa que é humilde, consegue ver que alguns não são iguais a ela, ela percebe que alguns são “maiores”, mas ela não força ser diferente, ela é ela mesma… talvez seja por isso que a bruxa causa tanta mudança no meio ao qual ela está inserida, porque ela sempre será o diferencial, seja pela postura, seja pela forma como age, reage… e aqui, a bruxa usa a cor tradicional das bruxas, o preto.
Na bruxaria tradicional, o preto simboliza a vida, o oculto, o mistério… ao contrário do branco, que simboliza a morte, o desvelar dos mistérios, a exposição…
A vassoura é usada para produzir modificações, pelo simples fato da mesma ser símbolo universal de limpeza. Na arte, a bruxa e a vassoura são mostradas juntas, a bruxa cavalgando a vassoura em direção ao encontro das bruxas, que é chamado de sabá… em um local que não fica nem nesse mundo, nem muito menos nos outros, mas entre os mundos – um local em que apenas as bruxas, os deuses e os espíritos são capazes de chegar – eu chamo esse lugar “Sonho”, pois é quando dormimos que caminhamos entre esse mundo de vivos, entre o mundo dos mortos, entre o mundo dos deuses…
A bruxa varre, limpeza a casa dos fundos em direção a porta da frente (segundo a cultura do Hoodoo, a cultura no qual estou inserido…), ela faz isso para mandar embora a negatividade, a falta de dinheiro, os amores ruins, as tristezas diárias, a má sorte… ela varre pra fora, bate as cerdas da vassoura na porta de entrada, que sinaliza que a partir daquele momento tudo o que saiu não pode mais entrar.
Antes de dormir, a bruxa prepara um chá, feito com algumas flores de anis estrela, algumas folhas de louro e algumas sementes de girassol… coloca a vassoura em baixo da cama, toma o chá e dorme… isso garantirá que ela possa voar na noite e conhecer seus mistérios, e as sementes de girassol quando florescer no coração da bruxa, garantira que ela volte em segurança para casa, para um mundo de sol.
O Caldeirão é o próprio símbolo de mistério para as bruxas, pois ele um aglomerado de simbolismo… é onde se faz o alimento, então é símbolo de prosperidade e fartura. É uma panela oca, redonda como o mundo, onde se deposita alimentos “mortos” que irão garantir a vida, então simboliza morte e renascimento.
Assim, é importante essa interação entre as figuras da “Bruxa, vassoura e caldeirão”, pois quando a bruxa varre um local, ela a limpa – fisicamente e energeticamente…- viaja até o plano astral onde realiza as modificações naquele plano também, para que possa ver as mudanças no plano físico… e queima em seu caldeirão toda a poeira, pó, teia de aranha e tudo o que tiver removido da casa, para transformar, modificar… e trazer coisas novas para o mundo.
Texto: Kefron Primeiro…
NOTA.: Se quiser vir aprender Hoodoo comigo, comece lendo “O Manual de Hoodoo”, você poder adquirir um aqui >>> CLIQUE AQUI <<<